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Os jargões corporativos são um dos maiores inimigos da comunicação clara e eficiente no trabalho

Seu approach está gerando sinergia com o board? No universo dos negócios, ouvir frases como esta não é incomum. O uso de jargões corporativos faz parte da cultura de muitas empresas e também serve como um código entre profissionais, criando uma relação de proximidade no grupo. O problema é que, quando ele rola solto na empresa, aumentam as chances de haver mal-entendidos. “Por mais disseminados e usuais, esses termos podem gerar interpretações diferentes para cada pessoa”, diz Silvana Mello, professora de recursos humanos da Brazilian Business School (BBS), em São Paulo. Contam aí os estrangeirismos, os termos técnicos e as frases de efeito e motivação que, de tão usados, podem surtir efeito contrário. Não há mal nenhum em usar, moderadamente, os termos dentro da companhia. Eles podem servir, até, como elemento integrador quando um recém-chegado passa a falar a “mesma língua” dos demais — desde que o jargão signifique a mesma coisa para todos. O problema é o excesso, que acaba gerando ruídos e incompreensão. “O abuso do jargão faz com que a comunicação seja menos objetiva e focada no resultado esperado”, diz Silvana.

“Quando entrei na Microsoft, em setembro de 2008, passei uma semana tentando entender o que as pessoas diziam. O pessoal usa muita sigla e palavras em inglês. Para ter uma idéia, meu cargo é consumer & online marketing officer. Internamente, falamos COMO. Para dar conta do que as pessoas diziam, passei meu primeiro fim de semana aqui, sentada na frente do computador, lendo e-mail por e-mail e anotando cada palavra desconhecida em um caderno e procurando seu significado na internet. Guardo até hoje as quatro páginas de caderno com essas anotações.”
Maria Heloísa Morel, 37 anos, diretora de marketing do grupo de serviços online e consumo da Microsoft Brasil

“Trabalhei em uma empresa que foi comprada pela Parmalat. O presidente e os executivos vindos da Itália falavam o tempo todo de um tal de chidi. Não tínhamos a menor ideia do que eles estavam falando e ninguém tinha coragem de perguntar aos novos chefes. Depois de três meses, descobrimos que a palavra nada mais era do que a sigla para o centro de distribuição, que em italiano tem este som: ci (letra c) mais di (letra d).”
Derek Clemence, 48 anos, consultor independente de gestão industrial

“Por cinco anos trabalhei na Dell, onde todos usam termos em inglês. Quando mudei de emprego, tive que me policiar, para não chamar reunião de discussion meeting e almoço de lunch. Em uma negociação, falei a meu colega que precisávamos de um last call do cliente. Percebi que ele não entendeu e corrigi o ruído, dizendo que seria importante que o cliente nos ligasse antes de fechar com outro fornecedor.”
Mario Cilento Neto, 34 anos, consultor de vendas da Seprol

“Em 2008, fomos contratados por um cliente para estruturar em três meses a governança de SOA. No cliente, ninguém sabia o que isso significava, embora o termo fosse constantemente usado em reuniões. Havia ruídos de comunicação na hora de estipular metas e cobrar resultados. Passei praticamente dois meses explicando o significado do termo. Para cumprir o prazo, tive que trabalhar nos fins de semana e feriado. Em tempo, governança de SOA é uma forma de controlar o desenvolvimento de software.”
José Patriota, 27 anos, consultor de governança de TI da consultoria Seedts

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